Cancioneiro 4

 

Homenageada: Tia Nina
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Deus concedeu a minha voz...

Deus concedeu a minha voz para que eu pudesse sentir minha alma vibrar, para que eu conseguisse voar mesmo sem ter asas, visitar lugares especiais a qualquer instante sem pagar nada e experimentar sensações tão variadas e ao mesmo tempo tão intensas, que seria impossível descrevê-las apenas com palavras.
Nos dois anos que quase a perdi devido a nódulos nas pregas vocais, fiquei sem pernas, sem braços, sem cérebro e sem coração. No momento que a tive de volta, recuperei minha integridade, reencontrei a luz e a possibilidade de voltar a fazer as mesmas viagens para dentro de mim e por todo o mundo ao meu redor.
Não é a voz mais bela, nem tem a pretensão de ser, mas também não é a mais feia. Não é famosa, muito embora ela participe de vez em quando, numa dessas viagens, de shows de pessoas maravilhosas como Ceumar, Bebel Gilberto, Paula Morelenbaum, Flávio Venturini, Lô Borges, Eric Clapton, Sheryl Crow, Diana Krall, Norah Jones, Sarah MacLachlan, Jane Monheit entre tantas outras. Enfim, foi ela uma das grandes causas que me ligou a pessoas tão especiais como o meu marido Fausto e meus amigos. Que me deu a oportunidade de participar de projetos como o Cancioneiro, onde puder viajar mais concretamente e reencontrar espíritos que certamente já conviveram comigo em outras existências e onde tive a chance de compartilhar o que sinto com todas as pessoas que amo e também com muitas outras que nem conheço fisicamente, mas que ficaram ligadas a mim de alguma forma depois de ouvirem a nossa música.
Com certeza este projeto mexeu com cada um de nós de alguma maneira; muito ou pouco, não importa, mas de alguma forma fomos tocados pela música. Em muitos momentos foi preciso parar, refletir e ponderar para depois retomar o caminho. Por muitas vezes nos esquecemos do objetivo maior do nosso trabalho, nos julgando muito importantes, mais importantes até do que a própria causa. A música, com seu tamanho poder de sedução, sem que percebêssemos, inúmeras vezes nos fez colocar o nosso ego em primeiro lugar, nos julgando uns melhores que os outros.
Nesse ano em especial, nos deparamos com tantas mudanças em nossas vidas, que quase fomos atropelados, não fosse pelo enorme laço que nos une e pela incansável ajuda da espiritualidade amiga que esteve e está conosco e parece não desistir nunca, não é mesmo Mãe? Temos muito a agradecer por toda essa proteção diante tudo que nos tem acontecido: a começar pelo Adail que se tornou marido e pai, sem se ausentar dos encargos do projeto Cancioneiro ou de seu novo lar; os parafusos que forçosamente vieram sustentar minha coluna, me fazer parar por um tempo e retomar valores adormecidos; o novo nariz do Fabrício que o ajudou a farejar o que realmente era essencial para cada música e trabalhar cada detalhe com tanta precisão e com tanta paciência; a busca incessante do César por respostas verdadeiras, sempre nos presenteando com suas músicas, fotos e a presença extremamente importante; a cumplicidade, a compreensão e o suporte do Faustinho em todos os momentos da minha ausência do lar; a generosidade do Vinícius, da Ane, da Clara e da Nina que escancararam as portas da sua casa e nos abrigaram por tantos finais de semana; o companheirismo e sustentação espiritual oferecidos pelo Gonzaga; a disponibilidade e dedicação de todos os cantores: Maísa, Marita, Ewerton, Monique, Kelly, Ariel, Clarinha, Júlia, Bia, Ialy, Eric, Renata, Moacyr Camargo e Vinícius, sem nos esquecer da nossa querida Vanessa, que por motivos muito justos não pôde estar conosco desta vez; a sensibilidade e desprendimento dos grandes músicos Alexandre Piu, Eduardo Machado, Vinícius, Thieres, Ronaldo Sabino e Paulo Campos que vieram enriquecer este trabalho; a colher de chá do nosso querido Alberto Centurião nos oferecendo a poesia de Antes de Criar; o apoio de celebridades tão distantes que ficaram tão próximas a nós, maestro Airto Moreira e sua esposa Flora Purim, nos cedendo a Primeira Estrela. Esperamos que não seja a última. O suporte da Nara Carloni e da Lívia Caleiro nos ajudando a selecionar criteriosamente as músicas para este álbum; o envolvimento da amiga Marcinha se emocionando e até mesmo chorando a cada música que ouvia.
Espero que toda esta história e sentimento dedicados ao Cancioneiro 4 possa tocar a alma de todos que já conhecem o nosso trabalho e também às almas dos que ainda vão fazer parte desta família, seja como apreciadores ou colaboradores.

Ana Lívia Sartóri

 

Eulina da Silveira Borissi

“Tia Nina”


Falar da Tia Nina é falar de carinho, de afeto, de amor, de perdão, de honestidade, de justiça, e de muitas outras tantas qualidades evidenciadas em seu caráter, no percurso de quase um século de vida.
Nascida em 1900, desde a juventude dedicou-se aos seus semelhantes. Além do grupo familiar buscou caminhos diversos que a conduziram a lares desamparados, onde levou a assistência material e a força moral capaz de fortalecê-los e reintegrá-los à sociedade.
As crianças foram sempre alvos de seu carinho e preocupação, procurando evangelizá-las na tentativa de conduzi-las para o caminho do bem, do amor a Deus e ao próximo, contribuindo assim para o embasamento moral e norteamento da vida de centenas de crianças francanas.
Foi incentivadora das atividades musicais e dedicou-se também ao teatro espírita.
Aos seus 14 anos de idade Nina começou a sofrer ataques de inconsciência, sendo considerada epilética. Por volta dos seus 35 anos, o problema intensificou-se. Passou a demonstrar sinais evidentes de obsessão. Recebeu valiosos tratamentos de passe do Sr. José Marques Garcia, o Sr. Antonio Varges e Dr.Tomás Novelino. Por fim, adotou os princípios espíritas para dedicar-se às faculdades mediúnicas e desde então desapareceram os desmaios.
Um sonho a acompanhou durante anos, não tardando muito a tornar-se realidade, diante da sua persistência e abnegação: a criação de uma Casa de Assistência para as crianças oriundas de famílias incapazes de atender às suas necessidades de sobrevivência. Uma luta aberta na tentativa de atenuar a grande desigualdade em nossa sociedade.
Com a ajuda de suas incansáveis companheiras e pessoas da comunidade francana fundou a Sociedade Espírita Legionárias do Bem, que mantém a Casa da Sopa e o Berçário, onde até hoje são atendidas crianças de 0 a 4 anos, em regime de mini hospital.
Consorciou-se aos 42 anos com Francisco Borissi, seu dedicado companheiro nas lidas assistenciais, que a deixaria viúva 13 anos depois.
Tia Nina deu assistência a várias pessoas obsidianas abrigando-as em sua própria casa.
Assim, caminhou sempre buscando entre os mais abastados o suprimento atenuante dos lares em miséria. Em seus 96 anos manteve-se ativa e firme nos ideais. Com seu jeito acolhedor procurava melhorar o atendimento fraterno na Casa Espírita, onde recebia e aconselhava com muito carinho todas as pessoas que a procuravam, ouvindo-as pacientemente.
Criou como filha uma jovem paraplégica, Altina, que desencarnou alguns anos antes dela. Não teve filhos de sangue, mas adotou como seus os filhos dos menos favorecidos.
Retornou à pátria espiritual no entardecer do dia 15 de agosto de 1996, deixando atrás de si um rastro de luz, exemplo marcante de vivência do Evangelho de Jesus.

 

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