O início - Alberto Ferrante
Alberto Ferrante nasceu no dia 15 de novembro de 1901, na cidade de Franca, interior do Estado de São Paulo.
Casou-se, aos 19 anos de idade, com Ana Silva Ferrante, carinhosamente chamada por todos de Dona Nenê, em 5 de fevereiro de 1920.
Desse matrimônio tiveram os seguintes filhos: Ruth, Édera, Alberto, Diógenes, Maria Emília, Lourdes, Elza e Therezinha.
Quando suas filhas começaram a demonstrar sinais de mediunidade, Alberto iniciou o Culto no Lar na cozinha de sua casa, que fica na Rua Afonso Pena, nº 1.806, Bairro Cidade Nova, Franca-SP.
Para melhor andamento dos trabalhos de desenvolvimento mediúnico, construiu um cômodo de madeira na sua residência. Devido ao aumento do número de freqüentadores, levantou outro de taipa. Depois, no mesmo local, construiu o Centro, onde até hoje abriga reuniões espíritas.
Alberto Ferrante desde criança manifestou tendência para o belo. Sua vocação era a pintura. Entregou-se a esta arte de alma e coração, mesmo sem mestre e sem cursos especiais.
Foi um dos fundadores da Escola Francana de Pintura, reconhecida no Brasil todo pelas criações de bom gosto. Fazia parte dos críticos da Escola Francana de Belas Artes.
Deixou inúmeros quadros, em que seu talento se revela em admiráveis expressões artísticas. Dedicou-se às paisagens, natureza morta, retratos, murais, decorações em residências e pinturas sacras.
Diversos templos católicos, como das cidades de Ibiraci, São Tomás de Aquino, Delfinópolis, Ponte Alta, Arceburgo, Botelhos, Palmeiral, Campestre, Areado, São José do Rio Preto, Franca e outros foram pintados por Alberto Ferrante, o que representa um patrimônio de arte inestimável.
Era pertencente à Loja Maçônica “Independência III” de Franca.
Faleceu em Franca no dia 23 de junho de 1955, com problemas cardíacos.
A semente de Chico Xavier
Certa vez, Alberto Ferrante perguntou a Dona Nenê qual presente ela gostaria de ganhar. Ela disse que estava lendo um livro de Chico Xavier e que tinha muita vontade de conhecê-lo. Alberto Ferrante, então, prometeu levá-la para Pedro Leopoldo-MG, cidade onde morava Chico. No entanto, Alberto desencarnou antes que pudesse concretizar este sonho e seu filho, Alberto Ferrante Filho, foi quem acabou por cumprir a promessa tempos depois.
Nesta visita a Chico Xavier, Dona Nenê, Alberto Filho e sua filha Edera, puderam conhecer a caridade exercida pelo maior médium brasileiro: reuniões de estudos espíritas, desenvolvimento mediúnico e trabalhos de assistência social, fornecendo cestas básicas e sopa aos necessitados.
Maravilhado com este trabalho, Alberto Ferrante Filho disse a Chico Xavier que levaria uma semente de sua obra e a plantaria na cidade de Franca.
Chico Xavier apresentou José de Paula Virgílio a Alberto Ferrante Filho, um “amigo que ele jamais esqueceria”. O Zé de Paulo, como era conhecido por todos, de fato, foi fundamental para concretizar todos os projetos assistenciais que estavam por vir a Franca.
Em reunião familiar, Alberto Ferrante Filho, Dona Nenê e todas as filhas decidiram iniciar os trabalhos do Culto de Assistência Espírita Alberto Ferrante.
O Culto de Assistência Espírita Alberto Ferrante
O Culto de Assistência Espírita Alberto Ferrante foi fundado em 24 de novembro de 1957, quatro meses após a visita a Chico Xavier, totalmente inspirado no seu trabalho assistencial realizado em Pedro Leopoldo-MG.
Durante 18 anos os trabalhos do Culto foram realizados na Casa de Dona Nenê. Com o aumento das atividades e intensificação da busca dos necessitados pela assistência espiritual e material (distribuição diária e gratuita de sopa, alem de alimento para crianças e adultos), foi necessária a construção de uma sede mais ampla.
A Sede, construída na Rua Oswaldo Cruz, n° 1811, Jardim Boa Esperança, na cidade de Franca-SP, foi inaugurada em 31 de março de 1975. Tal evento contou com a presença do então prefeito Hélio Palermo e, claro, de Chico Xavier, grande amigo e mestre de Alberto Ferrante Filho.
Neste prédio havia vários departamentos assistenciais tais como trabalhos de evangelização, atendimento às famílias pobres com assistência alimentar, médica e educacional, fornecendo inclusive moradia gratuita para algumas famílias.
No entanto, a cidade foi crescendo. As ruas próximas à Sede foram sendo asfaltadas, a água encanada, e o esgoto não mais corria a céu aberto. Assim, o custo de vida no bairro aumentou, afastando os irmãos mais necessitados para os bairros mais limítrofes da cidade.
Alberto Ferrante Filho, em visita freqüente a Chico Xavier, comentou com ele sobre esta valorização do bairro em que se localizava a Sede. Chico então recomendou a construção de um barracão em algum bairro afastado para, dessa maneira, realizar assistência espiritual e material aos irmãos verdadeiramente mais necessitados.
Por isso foi construída a Casa da Prece na Rua João Lamarca Martos, nº 2601, Jardim Centenário, na cidade de Franca. Esta casa foi inaugurada em 23 de junho de 1980, por Dona Nenê e José Paulo Virgílio.
A Casa da Prece é até hoje um importante centro de assistência espiritual e material em Franca. Seus trabalhos são referencia de caridade e as suas atividades respeitadas pela seriedade e importância, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento do bairro a que pertence – hoje já não mais um núcleo de pobreza na cidade.
A figura de Alberto Ferrante Filho no comando desta grande estrutura da caridade por tantos anos tornou-se sinônimo de benevolência, de amor ao próximo. Uma vida inteira dedicada a ajudar a quem mais precisa.
Há que se mencionar, contudo, que sem a inestimável participação ativa de sua esposa Aparecida Liporoni, de suas irmãs e de inúmeras boas almas que, incansavelmente estavam dispostas a ajudar, não seria possível que o Culto se mantivesse. Muita gente trabalha em diferentes frentes de trabalho para que a estrutura funcione e só por causa deste suporte amoroso de tantos amigos e familiares que conseguimos chegar até hoje com este dinamismo. Cursos de bordado, atendimento médico gratuito, programa de alfabetização para adultos, distribuição de sopa, alimentos e cobertores, curso de computação e, claro, as reuniões espíritas e passes. São várias frentes de trabalho.
Alberto Ferrante Filho desencarnou em janeiro de 2010. Ele, a sua esposa e irmãs hoje são fonte de inspiração para todos. Netos, bisnetos e tataranetos da família Ferrante buscam manter viva e sadia a bela arvore do que um dia foi a semente de Chico Xavier.
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